As práticas pedagógicas vêm sofrendo
influência em seus métodos de ensino, a partir da inserção das novas
tecnologias digitais na escola. É preciso refletir, entretanto, se o corpo
docente está de fato, preparado para trabalhar com essas novas tecnologias, de
modo que essas venham a trazer contribuições significativas para o processo de
ensino aprendizagem.
Não
basta apenas dotar as escolas de novas tecnologias, comprando equipamentos
modernos e adaptando os espaços físicos para comportá-los, sem antes, formar e
preparar o professor para que ele tire o melhor proveito destas tecnologias que
estão a sua disposição.
Percebe-se
a partir da análise de uma das entrevistas realizadas em uma das escolas
observadas, que o espaço digital da escola, denominado EVAM (Espaço Virtual de
Aprendizagem e Multimídia), é utilizado por professores que não possuem
formação específica nessa área, que por sua vez usufruem deste espaço, de forma
instrucionista, fazendo uso dos jogos ali disponíveis, que pouco ou quase nada,
levam em consideração os conhecimentos prévios do aluno, tão pouco suas áreas
de interesse.
A
partir da inserção da cultura digital na escola, novas formas de se realizar o
trabalho pedagógico são necessárias, fazendo-se crucial formar o professor para
atuar nesse novo contexto, em que as novas tecnologias servem de mediadoras no
processo de ensino aprendizagem, e uma vez que as novas tecnologias da
informação trazem novas possibilidades à educação, exigindo assim, uma nova
postura do educador.
Para
Dertouzos (1995), está nas mãos dos professores a busca de uma nova mentalidade
pedagógica. E para isso ele precisa aprender como usar as novas ferramentas
para atingir metas mais ambiciosas em termos de conhecimento. As novas
tecnologias apresentam recursos importantes para auxiliar o processo de
transformação da escola, visando a criação de ambientes de aprendizagem que
enfatizam a construção do conhecimento e não a instrução. Usar o computador com
essa finalidade requer a análise do que significa ensinar e aprender e rever o
papel do professor nesse novo contexto.
É
preciso que o professor compreenda as novas tecnologias, como um facilitador,
um aliado no processo de ensino aprendizagem, o que demanda mudanças na sua
postura pedagógica, colocando-se como mediador desse novo processo de
construção de conhecimento. Rever as diretrizes que regem os cursos de formação
docente, também é fundamental, com o intuito de analisar se essas contemplam o
uso de novas tecnologias na escola, preparando o professor para esse novo
contexto educacional, ou se ainda permanecem engessadas em um paradigma
tradicional de ensino.
Para
o MEC (1997, p.4):
Capacitar para o
trabalho com novas tecnologias de informática e telecomunicações não significa
apenas preparar o indivíduo para um novo trabalho docente. Significa, de fato,
prepara-lo para ingresso em uma nova cultura, apoiada em tecnologia que suporta
e integra processos de comunicação e integração.
De
acordo com o MEC, os objetivos da capacitação de professores são: estruturar um
sistema de formação continuada de professores no uso das novas tecnologias da
informação; preparar professores para utilizar as novas tecnologias da
informação de forma autônoma e independente, possibilitando a incorporação das
novas tecnologias à experiência profissional de cada um, visando a transformação
de sua prática pedagógica.
Com
base nesses aspectos, podemos observar que por mais modernas que sejam as novas
tecnologias disponíveis na escola, pouco ou nada essas contribuem para a
construção de conhecimento, se o corpo docente não está devidamente preparado
para trabalhar de forma significativa com as mesmas, pois do contrário, essas
tecnologias limitam-se apenas a tarefa de reproduzir um ensino mecânico, tendo
por base o instrucionismo.
BIBLIOGRAFIA:
MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Formação continuada de professores e novas
tecnologias. Maceió, 1999.
Gurias, belíssimo texto!
ResponderExcluirInfelizmente concordo com a observação de vocês quanto a desatualização e/ou despreparo dos professores perante as tecnologias digitais ou até mesmo as ferramentas, tão comuns e usadas nos dias de hoje! Vivemos a era da tecnologia que, a cada dia, se supera, inova, renova. Na educação não é diferente, entretanto, a impressão que tenho, a partir da minha pesquisa e acompanhando também o trabalho dos colegas, é que por mais modernas que sejam as tecnologias disponíveis na escola, muito pouco contribuem para a construção de conhecimento, pois o corpo docente, que seria a base aos alunos, não se encontra preparado para trabalhar de forma significativa com estas ferramentas. Assim, as tecnologias reproduzem um ensino mecanizado, limitado, apenas, a tarefa de reproduzir, não evoluir e ficar inerte no instrucionismo!