domingo, 25 de novembro de 2012

CONCLUSÃO DO PROJETO DE APRENDIZAGEM


A partir da construção do projeto de aprendizagem foi possível perceber, considerando as nossas dúvidas temporárias que a cultura digital não é trabalhada com os alunos, ela deve ser construída, mas na escola, o computador é utilizado numa perspectiva instrucuionista que segundo Valente (1998, p. 2)

O uso do computador como máquina de ensinar consiste na informatização dos métodos de ensino tradicionais. Do ponto de vista pedagógico esse e paradigma instrucionista. Alguém implemente no computador uma serie de informações e essas informações  são passadas ao aluno na forma de um tutorial, exercício e pratica ou jogo.

Neste sentido, observou-se que os professores apenas usam o computador para trabalhar conteúdos através de jogos que são estipulados pelos professores e onde os alunos seguem uma ordem linear para jogar, não havendo possibilidade de criar ou construir.

            Quanto à formação especifica dos professores para atuar no espaço digital da escola, vimos que as escolas não exigem formação específica para atuar na sala do EVAM, sendo que qualquer professor pode atuar, porém pensamos que os docentes precisam se capacitar para atuar com os alunos neste espaço, pois possibilita aos professores trabalhar com as tecnologias numa perspectiva construcionista, na qual, segundo Valente (1998) o aluno constrói seu conhecimento. Também para que a cultura digital possa ser introduzida no espaço da escola de forma gradual, fazendo uso da tecnologia para promover a interação e construção de conhecimentos. Conforme Schlemmer (2006, p.40)

A formação docente precisa ser repensada, e novas estratégias precisam ser previstas, em função de novas formas de pensamento, de expressão e relação entre sujeitos e grupos que estão emergindo dentro de recentes paradigmas das ciências na cultura tecnológica. Mais do que nos adaptarmos às TDs, é necessário que sejamos protagonizadores, autores dessa realidade.

O professor precisa ter uma formação docente que contemple as tecnologias digitais, vistas com um outro olhar, dentro do paradigma construcionista, se colocando como mediador da aprendizagem. O professor tem o papel de acompanhar e organizar as aprendizagens, estimulando a troca de saberes, mediar as relações e direcionar os caminhos da aprendizagem (LÉVY, 1999).

As atividades realizadas nos ambientes digitais da escola trabalham com conteúdos que não tem conexão com o que está sendo trabalhado na sala de aula, pois não há diálogo entre professores da turma e do EVAM, resultando em atividades que reforçam um paradigma instrucionista, focado no ensino e onde o aluno não tem autonomia para criar, ficando apenas restrito a jogar jogos previamente estabelecidos e que seguem regras sem possibilidade de construir conhecimentos.

Quanto as nossas certezas provisórias, percebe-se que muitas não se confirmaram, mostrando uma realidade diferente do que pensávamos. Vimos com nossa pesquisa que a cultura digital não faz parte do ambiente escolar, pois apesar de a escola ter computadores e softwares o uso que se faz nestes espaços não condiz com o que propõe os princípios da cultura digital, portanto a cultura digital não está presente na escola na Educação infantil e anos Iniciais pesquisadas. Conforme André Lemos a cultura digital é a cultura da leitura e da escrita e seus princípios são a liberação da emissão que é poder escrever sobre o que se lê, ser um crítico do que se lê, conexão generalizada e aberta falar livremente e juntar ideias com os que pensam da mesma forma e a reconfiguração que é poder conversar. A criança, na escola, não faz parte da cultura digital, pois elas não podem criar e nem questionar sobre o que está proposto, apenas seguem as regras.

A criança de hoje nasce na era da cultura digital, mas não significa que, por isso, ela esteja inserida nessa cultura. A criança só está inserida na cultura digital, quando seu acesso ao computador contempla os princípios da cultura digital, explicitados segundo André Lemos. Há crianças que em casa, com uso do computador conseguem se inserir na cultura digital, conversando e escrevendo sobre o que lêem, outros, porém, ainda ficam passivos somente lendo, sem questionar ou refletir sobre.

A criança tem motivação intrínseca com as tecnologias digitais, pois na era da cultura digital, onde as crianças são “nativos digitais”, elas estão imersas em um mundo repleto de tecnologias para serem utilizadas com e por elas. Essa geração da informação explora diferentes tecnologias de informação e estão habituados a mexer com isso desde muito pequenos. Conforme Schlemmer (2006) os “nativos digitais” se relacionam e se comunicam de forma diferente com a informação, e tem outra forma de conviver com as Tecnologias Digitais-TDs.

O computador é um instrumento de aprendizagem, conforme Rabardel (apudt Borges, 2004) os instrumentos tecnológicos tinham uma abordagem tecnocêntrica que agora é uma abordagem antropotécnica dos instrumentos onde o sujeito cria , modifica e usa o instrumento, mas numa esfera coletiva e não apenas individual. A partir do uso do computador o aluno pode construir aprendizagens interagindo com os outros.

A partir das entrevistas e observações realizadas percebeu-se que o EVAM não interfere na aprendizagem da sala de aula, pois conforme as professoras da turma da Educação Infantil e dos Anos iniciais (2ºano), igualmente relataram, não participam das aulas do EVAM somente indicam os conteúdos que devem ser trabalhados pela professora do EVAM. Sendo assim, não há uma interação entre as professoras e os planejamentos são feitos separadamente por cada uma, além de elas relatarem que não percebem nenhuma relação do que os alunos aprendem no EVAM com a aprendizagem em sala. Cada espaço trabalha isoladamente, não havendo interdisciplinaridade.

Conforme nossa pergunta norteadora a Educação infantil e Anos iniciais podem fazer parte da cultura digital utilizando o espaço do EVAM da escola de forma que eles possam construir conhecimentos, trocar ideias em rede, construindo redes de conhecimento e fazendo uso das TICs para conversar e construir conhecimentos, mas para isso é necessário uma postura diferente dos professores como afirma Almeida (2005, p. 73)

 O professor atua como mediador, facilitador, incentivador, desafiador, investigador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e grupal. Ao mesmo tempo em que exerce sua autoria, o professor coloca-se como parceiro dos alunos, respeita-lhes o estilo de trabalho, a co-autoria e os caminhos adotados em seu processo evolutivo. Os alunos constroem o conhecimento por meio da exploração, da navegação, da comunicação, da troca, da representação, da criação/recriação, organização/ reorganização, ligação/religação, transformação e elaboração/reelaboração.

Portanto, com a construção deste projeto de aprendizagem que envolveu pesquisa no espaço escolar e busca de referencial teórico, percebemos a sua importância para nossa formação docente, pois nós professores, precisamos estar sempre nos atualizando para desenvolver uma prática pedagógica com intencionalidade, onde o aluno possa ser autor do seu conhecimento, valorizando seus conhecimentos prévios e criando formas de interagir com os outros, para que ele possa construir novas aprendizagens de forma critica, tendo liberdade para falar sobre o que está vendo, lendo. Percebemos que as tecnologias digitais podem ser utilizadas de modo a construir conhecimentos, dependendo apenas de como o professor faz uso delas. O professor precisa abrir espaço para a cultura digital, que se desenvolve coletivamente, formando sujeitos críticos, autônomos e reflexivos e não sujeitos que apenas reproduzem. 

Referências:

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini. Tecnologiana escola: criação de redes de conhecimentos. In: ALMEIDA, Maria Elizageth Bianconcini; MORAN, José Manuel (Org.). Integração das Tecnologias na Educação: Salto para o futuro. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005.

BORGES, Martha Kaschny. Educação e tecnologias digitais: uma proposta de inclusão digital destinada a professores em formação. Disponível em: http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/133-TC-D2.htm Acesso em: 23/11/12.

LEMOS, André. Cibercultura. Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002. (Conclusão: Cibercultura – p. 256 – 262).

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999, p. 170-171.

SCHLEMMER, E. O Trabalho do Professor e as Novas Tecnologias . Textual, Porto Alegre, v. 1, n. 8, p. 33-42, 2006. Disponível em http://www.sinpro-rs.org.br/textual/set06/artigo_tecnologia.pdf

VALENTE, J. A. Informática na educação: instrucionismo x construcionismo. Campinas: NIED/UNICAMP, 1998.

Video: O que é Cibercultura? Andre Lemos. Disponivel em: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=hCFXsKeIs0w

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